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O termo “Dasein” é originário da língua alemã e significa “ser-aí”. Foi citado pela primeira vez pelo filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) em sua obra “Ser e Tempo” (1927), que tinha como objetivo explicitar as características ontológicas constituintes do existir humano e compreender o sentido do Ser enquanto tal.

O psicólogo suíço Ludwig Binswanger (1881-1966) atentou-se para o quanto a concepção de Heidegger sobre o existir humano e o sentido do Ser poderiam ser úteis para uma nova compreensão de fenômenos psiquiátricos. Então, o conceito de Dasein, até então puramente restrito ao âmbito filosófico e ontológico, passou a ser aplicado por Binswanger para a compreensão e descrição dos quadros clínicos psiquiátricos, surgindo então a Daseinsanalyse, ou seja, a aplicação dos fundamentos filosóficos de Heidegger na psicoterapia clínica.

Em seguida, inspirado no trabalho de Binswanger, surge o psiquiatra e psicoterapeuta suíço Medard Boss (1903-1990), que também se voltou para o estudo da ontologia heideggeriana.

Boss e Heidegger mantiveram uma amizade pessoal por mais de 25 anos, durante os quais Boss e seus alunos participaram, a partir de 1947, de uma série de cursos dados por Heidegger, organizados várias vezes por ano e que vieram a ser denominados de “Seminários de Zollikon”, abrindo outro caminho para uma aproximação entre prática psicoterapêutica e a ontologia de Ser de Heidegger.

Por isso se pode afirmar que a Daseinsanalyse não é considerada como mais uma escola ou teoria cujas origens remontam à ciência Psicologia. Pelo contrário, é uma abordagem de origem estritamente filosófica, para a compreensão dos fenômenos, normais ou patológicos, do existir humano.

Uma característica singular da Daseinsanalyse é a sua orientação fenomenológica. A fenomenologia é também uma área da filosofia que propõe uma metodologia de investigação que questiona o alcance do conhecimento proposto pelas teorias naturalistas e cientificistas, dentre elas as teorias psicológicas, as quais sempre apontam para a necessidade de compreender o existir humano através de teorias.

Em outras palavras, o método fenomenológico abre mão da necessidade de haver uma teoria psicológica que explique todos os fenômenos humanos para que possa então servir ao ser humano.

Ou seja, sua característica é se debruçar sobre os fenômenos psíquicos sem as deformações das explicações teóricas, atendo-se apenas àquilo que se mostra, aquilo que aparece. Isto pode parecer muito simples e superficial, mas, pelo contrário, é muito difícil, pois o homem perdeu, há tempos, a capacidade de enxergar a essência das coisas e do seu existir, já que tem a imediata exigência de explicar cientificamente tudo que lhe acontece, acreditando que apenas aliadas a explicações cientificamente comprovadas é que a compreensão pode ser útil ao Homem.

A Daseinsanalyse é, portanto, um novo olhar sobre os motivos pelos quais alguém procura um psicólogo, uma nova aplicação para a psicologia clínica baseada nos conceitos filosóficos heideggerianos. Não tem como aplicação prática apenas o tratamento de indivíduos doentes, “loucos”, mas abre caminho para uma prática preventiva na psicologia, que pode ser de grande ajuda para qualquer um que busque usufruir de seus benefícios, estando a serviço daquele que sente que a sua vida está restrita por sofrimentos, problemas e crises, os quais demandam ajuda, zelo e compreensão por parte do terapeuta.

 

Bibliografia

Apresentação Daseinsanalyse. Revista nº.1. São Paulo: Associação Brasileira de Daseinsanalyse, 1997.

LOPARIC, Zeljko. Heidegger. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.

NUNES, Benedito. Heidegger – Ser e tempo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Petrópolis: Editora Vozes, 2006.

 

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